quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

L'amour

"...Todos esses !Para sempre!Não são claros, são instáveis.Chegam sem se mostrar, como um traidor disfarçado. Machuca-me ou cansa-me, dependendo do dia..."



"...eu prefiro de tempos em tempos o gosto do vento..."

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O SONHO DE PIERROT...

"Quando algo acabar ou simplesmente for embora
lembre-se que as folhas do Outono não caem
porque que querem...
Mas sim porque chegou a Hora...!"
(Karol Correia)


PIERROT
Tive medo, Arlequim! Vendo-os, num paroxismo
eu tinha a sensação de estar sobre um abismo.
Não sei porque o olhar dessa estranha criatura
era cheio de horror...e cheio de doçura!
Eu desejava arder nessas chamas inquietas...

ARLEQUIM
Tendo o fim dos Pierrots?

PIERROT
Tendo o fim dos Poetas!
Aconcheguei-me dela, a alma vibrante louca, o coração batendo...

ARLEQUIM
E beijaste-lhe a boca.

PIERROT, cismarento:
Não...Para que beijar? Para que ver, tristonho, no tédio do meu lábio
o vácuo do meu sonho... Beijo dado, Arlequim, tem amargos ressábios...
Sempre o beijo melhor é o que fica nos lábios,
esse beijo que morre assim como um gemido,
sem ter a sensação brutal de ser colhido...

ARLEQUIM
E que disse a mulher?

PIERROT
Suspirou de desejo...

ARLEQUIM , mordaz:
Preferia, bem vês, que lhe desses um beijo!

PIERROT
Não. Ela olhou-me. Olhei... E vi que, comovida, sentiu que , nesse
olhar, eu punha a minha vida...

Um silêncio cheio de angústias vagas.
Sob o luar claro as almas brancas dos
Lírios evocam fantasmas de emoções
mortas. Os espectros das memórias
parecem recolher, como numa urna invi-
sível, a saudade romântica de Pierrot...

ARLEQUIM, tristonho:
Essa história, Pierrot, é um pouco merencória...

PIERROT
A história desse olhar é toda a minha história.


"...não tocar a que se ama e deixar intangida
aquela que resume a nossa própria vida, eis o amor, Arlequim. , misticismo
tristonho, que transforma a mulher na incerteza de um sonho..."
(Menotti del Picchia)